sábado, 14 de maio de 2011

Could you be the devil, could you be an angel

Então eu olhei nos olhos dele, e foi como uma daquelas coisas que não se deve fazer. Olhos de anjo decaído. Todo o encanto e sedução que eu, como mortal, jamais havia imaginado existir. Não foi como amor, não foi doce. Foi pecado, e eu senti arder em mim fogo quente quase como o do inferno se eu, como mortal, conhecesse tal lugar. Ele ficou parado e não fez sinal algum em minha direção, porém não deixou de me notar em todo aquele transe e todo aquele olhar de fascinação e todos aqueles pensamentos que, eu tenho certeza, ele podia ler. Eu li e reli então o seu corpo por inteiro e eu senti dos desejos o mais arrebatador. Eu olhei nos olhos dele novamente e foi como uma daquelas coisas que não se deve fazer, então com toda a força e manipulação daquele olhar, eu quis, quis por inteiro provar daquela criatura inteira com a minha língua. Eu quis aquele corpo em mim e eu quis que me levasse, me levasse onde quisesse. Eu olhei nos olhos dele e tudo nele podia me controlar completamente. Ele me empedraria se quisesse. Tudo que eu sentia era queimar tudo em mim. Eu notei cada linha daquele corpo e era como se a cada caminho que eu seguisse eu me perdesse mais, só que eu não sentia medo. Aliás, eu era incapaz de sentir coisa alguma. Todo o ar segundos antes disponível já havia sido roubado, desapareceu, e eu quase podia ver asas nascendo por detrás daqueles ombros nus. Eu fotografei visualmente como cada fio de cabelo parecia escorregar perfeitamente sobre aquele rosto pálido, aqueles fios negros, todo aquele contraste e novamente, olhos. Eu quis correr e me lançar em seus braços, mas então eu consegui sentir, e senti medo. Medo que ele desaparecesse no ar, medo que voltasse ao céu ou ao inferno e que dessa forma fosse tirado de mim. E não era amor, era necessidade. Eu não poderia agir como se fosse amor. Eu queria que ele viesse, que ele me dissesse que ficaria, que houvesse forma de fazê-lo meu. Pra sempre meu. Somente meu. Eu queria roubar aqueles olhos pra mim, e as asas para que ele não pudesse partir. E que o fogo que a essa altura já havia tomado meu corpo por inteiro jamais se esgotasse, porque no mundo não havia nada perto disso.
Ele me sorriu de lado e aquilo foi como uma faca afiada no meu coração que pulsava forte e agora sangrava. Deu um passo para trás, e eu queria puxá-lo de volta, mas estava longe. Como eu viveria agora? Como se mostra o céu a alguém e o pede que se contente somente com a Terra novamente? Eu tentei gritar por ele, porém além de não conseguir desprender a voz da minha garganta, eu não sabia como chamá-lo. Eu não sabia se o chamava Lúcifer, ou sonho meu. Eu não sabia quem ele era ou o quê. Eu não sabia se foi só um sonho. Mas ele sumiu.

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