sábado, 4 de dezembro de 2010

"Idem"

Ele me pediu pra que eu dissesse algo. Eu pensei em muitas coisas. Pensei em dizer que odiava aquelas frase clichês de quando era chegado o fim, tipo: “foi bom enquanto durou” e “eu nunca vou esquecer você”. Tudo o que eu tinha para dizer-lo, disse durante o tempo em que estivemos juntos. Não se fazia necessário nenhum tipo de resumo, desfecho ou “satisfação”. E além do mais, eu odeio despedidas. Odeio qualquer tipo de ritual. Odeio. Então fiquei lá, ouvindo todas aquelas coisas que me pareciam ser ditas por pura conveniência, de tom superficial. E tudo o que eu respondi de volta foi: “idem”. Eu sei que posso ter parecido indiferente, mas eu não consigo ser pela metade. Se eu tivesse que dizer algo pra mostrar como me sentia, teria que narrar todos os meus textos, tudo o que escrevi sobre ele e sobre nós dois durante esses meses. Coisas que ele nem faz idéia de que pensei/senti. E isso já não adiantaria no fim. No final, nada mais importa. A tentativa já tinha sido feita, a chance já havia passado. E às vezes, na vida, nós só temos uma dessa. Uma cartada. Uma última, uma única... A que eu guardei para mim. E talvez tenha sido o melhor a ser feito.

Até lá

Eu sei que vai passar, que vou esquecer. Ou melhor, que vai virar lembrança, longe das dores emocionais. Hoje chorei mais do que o esperado. Doeu mais do que o que eu esperava, devo confessar. Tudo por que, apesar de achar que estava preparada por conhecer o rumo da nossa conversa de hoje, você mexeu comigo na hora em que deveria, mas não conseguia ir embora. Mesmo tendo previsto tudo o que você diria e também o que estava por vir após o fim, confesso que fiquei sem estrutura depois de você ter demonstrado dificuldade em me deixar. Ali vi que compartilhávamos do mesmo sentimento, mesmo que por alguns instantes. Houve um encontro. Engraçado, justo no fim, tive o único momento em que soube que você se sentia como eu. O único. Enfim, nem tudo fora mentira.
E eu sei que vai passar. Não posso dizer quando, e nem acho que será em breve, mas sei que uma hora, vai. Até lá, as coisas vão parecer meio desinteressantes, o mundo meio sem cor. Os dias serão acinzentados sem o seu sorriso bobo. Até lá, sei que vou esperar todas as noites você ligar, como eu costumava fazer, como você costumava fazer... Mesmo sabendo que você jamais fará. Sei que não vou conseguir me concentrar em conversas, pois vou estar distraída procurando nas pessoas o seu jeito, sem encontrar. Até lá, vou buscar os seus olhos em cada esquina, incansavelmente, até cansar. A comida perderá o sabor por um tempo e nenhum diálogo prenderá a minha atenção, porque ninguém tem a sua voz. Eu vou ficar pensando no que poderia ter sido, eu vou me perguntar e não vou superar, até lá. Eu vou me lembrar do seu cheiro e vou buscar ele no ar. Vou te segurar com todas as forças em meus pensamentos, porque eu sei que eles não querem que eu te deixe ir.
O tempo foi curto, nós sabemos, mas e quem disse que isso determina alguma coisa? Não precisaria de mais tempo do que o que tivemos pra que eu sentisse por você a coisa mais forte que eu senti por alguém, desde que eu sinto alguma coisa. Eu ainda vou ficar mal por um tempo. Ainda vou me pegar recordando das coisas do início, de como foi bom. Foi tudo muito bom. Ainda vou mergulhar no seu olhar, fixamente, por um bom tempo... Mesmo que a imagem dele só reste na minha cabeça, agora. E ainda vou querer você. Não como sempre; mas sempre, você.
Claro que vai passar! E até lá você não vai ligar; a comida vai continuar sem gosto, as coisas sem cor, as conversas monótonas, e eu vou continuar me perguntando se você se sente igual... Ainda sabendo que a resposta é não. Até o dia que essa resposta não mais me interessará... Até lá.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Ficarás bem

Eu tenho uma teoria, agora. E aqui vai: se tens um problema que não consegues resolver, então enterre-o. Mas enterre-o no lugar mais profundo dentro de ti. Pra que ele esteja tão bem escondido que, vez em quando, tu possas até sorrir, esquecendo-se de sua existência. Então, guarde-o. Guarde-o até que ele se resolva sozinho. Ou que tu te esqueças dele tempo suficiente para sorrir o tempo inteiro. Ou até que o tempo passe e, sozinho, leve embora o tal problema. Mas se ainda não confias em todos esses meios, ou, se ainda que tentando todos, nenhum deles funcione... Então guarde-o até que alguém do lado de fora venha, até que esse alguém te distraia de todas as coisas. E quando menos esperar, estarás livre de tudo aquilo que, sem solução, escondestes dentro de ti. O que digo é que, de alguma maneira, estarás livre. Ficarás bem.