terça-feira, 31 de maio de 2011

Há tanta vida lá fora, depois da janela, dobrando a esquina






A sensação de doença. A alergia irritando o nariz. A amargura do café que acabou na boca. A garganta que arranha pra tentar se livrar dos pedacinhos de alguma coisa que parecem estar lá no fundo. Da garganta. Há tanta vida lá fora, depois da janela, dobrando a esquina. Há tanta vida aqui dentro, dessa alma, depois das paredes que criou do lado de dentro, como se as do lado de fora do castelo já não fossem suficientes. Há tanta beleza no espelho agora, e pra quê. Pra um mundo esquecido e que te esqueceu também. Pra um príncipe que não existe, e que te visita em sonho. Pra uma realidade muito mais crua do que a que se espera ter. Só pra esses sonhos guardados que todo mundo sabe que já estão quebrados, mas continuam guardados porque é só o que se tem pra guardar. Tudo guardado pra vida que ela espera acontecer; pros planos que ela espera acontecer; pro amor que ela espera acontecer; acontece logo, vai. Alguma coisa. Qualquer coisa. E o que acontece é a água, pra tirar o nó da garganta e o gosto velho do café; acontece o banho, pra lavar a doença e a mente; acontece de resolver os problemas instantâneos e voltar pra detrás da janela, pra dentro do castelo, pra continuar a sonhar. E é assim todos os dias. Os dias acontecem, só não acontece vida nos dias.

4 comentários:

  1. Profundo, intenso e emocionante. Desperta em quem lê um sentimento desconhecido, mas que parece que sempre esteve lá. Ótimo texto.

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  2. Law procura um medico tem probleminha ai... kkkkk
    brincks ta massa quando quiser junte seus textos
    faça um livro de contos, e concerteza seus AMIGOS
    estarão lá para prestigiar o seu trabalho!

    conte com agente sempre ^^v

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  3. Que bom que ele consegue fazer isso, Master. obrigada (:

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  4. Problema é o que não falta, Ákila. hihi. aah, falta muito ainda pra chegar até lá, mas devagar e sempre né. obrigada mesmo!

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