quarta-feira, 13 de abril de 2011

Oh






Oh, e quem poderá a mim julgar? Pois sim, estou experimentando de tudo, estou buscando qualquer coisa na tentativa cega e louca de preencher esse vazio que me acompanha desde que me entendo por gente.
"Me bata, eu só preciso sentir alguma coisa."
E eu vou assim, amando garotos eternamente por uma noite, partindo ao amanhecer do dia, antes que possa me lembrar de quem são. Antes que sintamos nossas faltas, cada qual. Mas eu sinto todas as faltas. Falta é só o que eu sinto. E eu vou assim, eu deixo pelo medo de ser deixada. Eu não amo pelo medo de não ser amada. Eu me apresso para evitar a dor, eu anulo a já acumulada. Eu me engano, eu me entorpeço, eu tento tudo. Eu engano, faço bem. Mas é sem querer. É necessidade. É necessidade de amar, de amor. E eu sei lá o que é isso! Eu não posso amar. Eu não aprendi. Ninguém me mostrou. Está longe de mim. Fora do alcance. Eu disse ao analista, eu não consigo. Como é que faz? Eu disse a todo mundo que eu não sei, eles acham que é farsa minha, que eu que quero dizer que não, fazer que não, atuação. Oh, se soubessem que eu sou quem mais sofro nessa coisa de contramão do mundo, nessa coisa de não conseguir fazer como o mundo faz. Ah, se soubessem do preço que pago por ter nascido com essa alma tão inquieta e insatisfeita, tão desfeita. Tão tudo. Tão é o problema, seja menos intensa. Mais leve. Menos alguma coisa. Ah, eu não consigo. Eu não consigo tão tudo. Eu só consigo ser eu. E nem isso eu sei bem o que é.
Então é isso: eu tenho tentado de tudo, e quem vai dizer que estou errada? E quem disser que me dê fórmula pronta, e que me ensine como se morre de amor. E que me ensine como sentir. E que me faça logo sentir. E que me prove que estou errada, se nem sabes quem ao menos sou. Mas não se preocupem não que eu vou atrás de diagnóstico, eu vou perguntar ao doutor. Eu vou ver se ele sabe quem eu sou. Enquanto isso eu continuo tentando me encher de alguma coisa. Ou continuo fingindo para mim mesma que o faço. O que mais eu posso fazer?

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