– O quê? – ela estranhou.
Ele hesitou por uns segundos, demonstrando confusão. – Não posso me apaixonar por ti.
Ela olhou-o assustada, girou os olhos lado a lado, como se buscasse pela resposta. – Nós paramos com isso, então.
– Não consigo. – ele se pegou um tanto perplexo com a constatação.
– Bem... Então acho que já aconteceu. – se entreolharam em confusão e um pouco de tensão, hesitaram em respirar por um instante e foi como se um esperasse pelo movimento do outro.
– Nos falamos amanhã! – ele achou melhor escapar, adiar. Melhor um tempo para pensar. Desceu as escadas, enquanto ela tentava ainda processar as palavras dele.
– Ei! – ela gritou, fazendo ele se virar de volta. Hesitou. – Tu não vais sumir, vais? – seus olhos agora começavam a se umedecer, mas ele era incapaz de notar à luz do dia e àquela distância. – Digo... Porque se fores, melhor que o faça logo! E melhor que me deixe saber... Talvez assim, seja menos doloroso. – ficaram em silêncio por um instante. – Quer dizer... Tu, tu disseste... Então tá! Sei que eu não deveria falar agora, já que disseste que nos veremos amanhã... É provável que queiras o teu tempo... Enfim, disseste que nos veremos amanhã. Ok. Tudo bem! – e então as lágrimas escaparam, contradizendo suas últimas palavras. Ela procura a chave certa, agitada. Encontra. Ele sobe ligeiramente os poucos degraus até a porta e a puxa de volta.
– Estás com medo?
– Sim.
– Tens medo que eu suma?
– Sim, tenho.
– Por quê? Se eu sumir, o que acontece?
Ela pensa um pouco, na dúvida se deve ou não entregar o que sente. – Vai doer... É tudo muito novo, numa hora somos conhecidos e de repente... Mesmo tudo tendo sido tão rápido, senti medo de te perder quando me deste as costas. E foi uma dor ligeira, mas forte, aguda.
– Então parece que não estou sozinho aqui...
– Mas nossos medos são diferentes. Sinto medo de te perder, pois meu coração talvez já ache que te tens. Tu sentes medo de que um dia teu coração ache que me tens, também, e então, sinta medo de me perder. Tens medo do medo.
– Não, penso que estás errada. Ora, pois deixe de lado esses cálculos! Estamos apaixonados... E é só.
– Mas queres fugir!
– Não quero mais.
– Porque não, se tens medo?
– Porque tu tens também.
– E o quê isso muda?
– Muda que compartilhamos do mesmo sentimento. Paixão, porém medo. Medo, porém paixão. E sabendo que sentes o mesmo, conforta-me a idéia de ficarmos juntos. O medo existe, sim, mas se faz menor se o dividirmos. Divides comigo o teu medo, em troca transformo-o em amor... E devolvo a ti. Então fazes o mesmo, e faremos sempre o mesmo, para sempre. Divides?
– Divido.
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