domingo, 5 de outubro de 2014

Tragos em cigarros tortos

Num bar de luzes esverdeadas e portas que imitavam o estilo dos saloons,
a garota arrumada com cabelos presos em um rabo de cavalo,
topete luminoso, vestido estampado de pequenas caveiras mexicanas,
verificava os cabos ligados às caixas de som.
“Vocalista da próxima banda a se apresentar”, pensei,
enquanto a voz de Cash ainda ressoava no ar.

Num canto sentado sozinho, ombros cansados
sob a jaqueta de couro já gasta
pelos seus vinte e dois anos de bar,
fazia do copo de whisky companhia, olhos caídos,
olhar perdido, a observar
fixamente a garrafa vazia.

Você esteve por todo canto, cara.
Você esteve por todo canto, homem,
e ainda não conhece seu lugar.

Andou por tantas estradas e errou de caminho ao depositar
todas as esperanças num colo de traição.
Levantou tanta poeira só pra descobrir que
a crença em qualquer coisa não passa de ilusão
e que tudo, no fundo, é uma espécie de nada.

Todos os dias caminhando descalço de volta pra casa
pelas ruas, na madrugada tragando cigarros tortos
de embalagens amassadas dos bolsos dos velhos jeans,
no intervalo de risadas desesperadas.
Você esteve por todo canto,
E agora, cara, qual é o seu lugar?

Agora que sabe que amor não existe e que os raios
de sol, ainda que únicos, também não podem durar.
Johnny também sabe.

E se pudessem ver, eles diriam “Pobre coitado, ainda escrevendo seus
poemas tristes em páginas manchadas de café e do suor
das mãos, engavetando-os como um
infeliz incapaz de se livrar do passado ou fugir do destino”.
Eles diriam, se soubessem, mas eles
não sabem. Eles nunca sabem de nada.
Só Johnny sabe,
e eu também sei.

sábado, 21 de junho de 2014

A Borboleta Amarela

Havia acabado de deixar um consultório médico, o que há tempos vinha se tornando um de meus passatempos prediletos, considerando o prazer e alívio por mim experimentados ao fim de cada consulta. Quaisquer anormalidades cardíacas haviam sido descartadas, a despeito das brutas pontadas do lado esquerdo que acometiam-me semanalmente, e das tonturas e da falta de ar. À espera dos ônibus, uma multidão se aglomerava, e ao sentar no banco urbano imundo que por mim esperava, percebi-a ao lado dos meus pés, se debatendo sobre o chão de cimento que era seco e já antigo, mas que causava impressão de ser molhado e lamacento, tamanho o esforço que a bela borboleta amarela depositava ao tentar movimentar suas asas ou avançar rastejando de lugar – eu não estava tão certa. Parecia tão machucada e em sofrimento que meu primeiro pensamento foi o de que havia sido pisoteada minutos antes de minha chegada. Tentei envolvê-la posicionando meus pés ao seu redor para que nenhum passante distraído pudesse causá-la ainda mais dor. E eram todos eles distraídos, enquanto eu a observava de cima, tão próxima a mim e somente a mim, sentindo minha impotência diante do que pudesse vir a ser um fim, sentindo a solidão daquela vida que, imperceptivelmente se debatia sobre um chão sujo, sob um sol que suas asas ressecava, em uma manhã que era para a espécie humana tão insignificante quanto a natureza em si. Em desespero, dividia a minha atenção entre a espera da chegada do ônibus que a mim me serviria e a observação dos movimentos da borboleta, na esperança de uma recuperação. Senti vontade de pegá-la em meu colo, em meus dedos, pois era do que ela parecia precisar. Tive a ideia absurda de levá-la para minha casa, para cuidá-la ou para simplesmente apreciá-la por alguns minutos mais, se ao menos eu dispusesse de algum recipiente em que pudesse transportá-la sem que viesse a causá-la mais danos do que aqueles aos quais ela já havia sido acometida naquela desagradável manhã. Tendo falhado em encontrar qualquer objeto que servisse para meus objetivos e um pouco paralisada em agonia, pensei em transportá-la para o canteiro central do outro lado da rua, dessa forma, pelo menos, ela estaria em habitat natural e sua recuperação poderia acontecer de fato – ou eu queria pensar assim. Mas não fui. O que diriam aqueles que me vissem prostrada no meio da rua, tentando capturar uma borboleta semi-morta, tentando atravessar uma avenida em meio a buzinas de tantos carros barulhentos e pessoas de pedra, apenas para depositá-la em um lugar onde havia verde? E se perdesse o ônibus? E se de nada valesse?
Nesse momento, todos os seus movimentos cessaram, o sol continuava a maltratá-la sem piedade, enquanto o vento se aliava ao sol contra uma natureza de outra espécie, da espécie animal, fazendo pender para o lado as belas asas amarelas com manchas alaranjadas da borboleta enfraquecida, como se por inveja, se por despeito de sua beleza. E eu pensei então que, enfim, o fim havia chegado. E olhei para os passantes na rua, e realmente os vi, os enxerguei porque desejava que alguém percebesse junto a mim o que se passava, e que, dessa forma, eu não me sentisse solitária e unicamente responsável pela vida que tinha acabado de partir, ali, em meus pés. Se ao menos tivesse sido diagnosticado em meu coração arritmias, ou quaisquer problemas de funcionamento, talvez eu não houvesse me compadecido da beleza daquela borboleta. Talvez eu não tivesse sequer a notado. Se em mim não houvesse um coração "funcionando perfeitamente bem, em plenos vinte anos de idade" como disse o sério doutor que a mim me parecia formidavelmente sincero.
Como era bela! E como me fez pensar na inconveniente fragilidade que cercam todas as coisas assim tão belas. E me fez pensar em quantas borboletas tão belas quanto aquela morrem todos os dias, e em quantas borboletas eu havia levianamente, distraidamente pisoteado em minhas rotineiras idas e vindas, ou em quantas borboletas agonizantes havia ignorado enquanto em me encontrava na posição de simples passante, absorta em frívolos pensamentos cotidianos, ou de simples esperadora de ônibus, em vez de observadora e aliada das coisas belas e tristes e frágeis e pequenas. 
Eu precisava confidenciar a alguém o que havia se passado entre mim e a borboleta, numa história que terminaria no trágico final da morte fatal após quinze longos minutos de interminável agonia, dúvida, apreciação e amor. Enquanto eu lamentava o abandono de um cadáver tão belo e colorido, passei a ponta dos meus dedos dos pés cuidadosamente em seu corpo leve e perturbado pelo vento, vencido pelo luta de movimentos exaustivos, quando ela, bela e pequenina, em resposta ao meu toque, ergueu sutilmente as perninhas dianteiras, deixando-me saber que nem tudo estava perdido, que havia ali ainda vida, e lutava. Não sabia se deveria me sentir feliz a respeito dessa nova informação, afinal, eu ainda não tinha meios de levá-la comigo, e nada me garantia que, deixando-a ali, não seria novamente pisoteada, ou simplesmente arrastada pelo vento para longe, de modo a sofrer de uma dor extrema que dessa vez não poderia mais suportar. E não havia modo de absorver aquela beleza tão bem desenhada e eternizá-la em uma fotografia, ou em qualquer coisa que o valha, ou de deixá-la saber que eu sabia como se sentia, exatamente como se sentia, e que eu também já havia experimentado daquela solidão fria. Foi quando o ônibus chegou e tive de saltar e então partir, mas não sem antes olhar para trás enquanto me afastava, avistando um ponto amarelo ínfimo em meio a borrões gigantescos, deitada e abandonada no oco e solitário vazio de sua delicada existência. 
"Desculpe-me, borboleta...", pensei. "Em redenção, escreverei sobre você."
Como se isso nos valesse de alguma coisa.

sábado, 31 de maio de 2014

As libélulas no banheiro

Todos os sintomas que a cardiologia não consegue ver;
um milhão de batimentos cardíacos por minuto;
um milhão de pensamentos por segundo
que nem todas as psicologias juntas poderiam resolver.
Oh, baby, as paredes estão derretendo novamente?
Seu coração é uma guerra fria,
e você está na linha de frente.

Pálida blue, estás contente?
Quanto tempo seus dias de Wonderland irão durar?
Os filósofos de mesa de bar,
poetas de embalagem de cigarro,
escritores de fundo de gaveta,
a repetição da poesia já feita, os versos gastos pelo tempo
sujos das ruas, de bebida e de beleza.
As gotas de chuva nos faróis das ruas
lembrando o que queremos esquecer.
Parece muito clichê?
Parece muito clichê.

E agora estás a sorrir e parece até querer dançar,
mas quanto tempo irá levar
até que fiques aos prantos novamente
a respeito da beleza do mundo que supões ter-se esvaecido,
chorando a respeito de tudo ser,
segundo sua loucura ou sanidade deformada,
falso, frágil, rápido demais,
sujo ou doentio.
E quanto tempo até a queda?
Quanto tempo a esquizóide?
Resquícios de um transtorno paranóide
cravados na sua pele para que todos possam ver.

Quanto tempo até que as paredes derretam novamente?
As libélulas no banheiro,
ratos, baratas e rãs.
Você implorando para que tudo acabe.
As bruxas dos sonhos e os rituais
graves e pesados como as marcas bestiais
em suas costelas ao amanhecer.
O olhar fixo no canto dos cômodos,
as manchas de mofo ganhando voz.

Quanto tempo até você repetir
"o vazio que eu sinto dá para encher uma cidade inteira de fantasmas"
e eu implorando pra que paremos de falar em metáforas
porque, baby, sua alma já era suficientemente complicada para mim de entender.

E era nela o que encantava,
a sensibilidade, a falta do fluxo de normalidade,
o sofrer pelo improvável, vaguear por atmosferas ditas insondáveis
por aqueles sortudos de natureza tranquila.
E era em vão que lhe dissesse:
blue, não te tortures com esses pensamentos!
Torturar-se era de sua natureza, 
e de natureza não se pode fugir,
foi o que li em algum lugar.

E era o que nela encantava
e tudo nela era real.
As asas do espírito a sobrevoar todos os cantos 
de uma psique inalcançável 
imersa em sonho e fantasia. 
E tudo nela, apesar da novela,
apesar do drama inesgotável,
da dor inventada, da arte forjada,
tudo nela era de um fogo 
e uma febre
e uma explosão real.

Mas se ria alto e se divertia, que mal fazia
se queria dançar.
Todas as bobas gotas de chuva nos faróis da rua lá fora.
Toda espera por um fim
a longa espera pelo nada
o Vazio da Existência
é algo com o que você pode lidar?

Baby, até chegar o dia do medo de atravessar a ponte,
o medo de que algo te empurre no rio
e te faça escorregar.
Melhor seria procurar de novo um médico,
voltar para as pílulas e remédios,
concertar a hipocondria,
controlar a agonia,
continuar a sorrir serelepe na mesa do bar?
Ou pedir por ajuda enquanto ainda consegue caminhar.

É bom te ver sorrir,
ainda que tua beleza se realce quando choras,
mas e quando o sol insistir pela manhã
e as crianças descerem do trem
as crianças em direção a escola
e você a observar
a gaiola da existência
como vai se sentir
quando você acordar
da ilusão de segurança
dos poetas de embalagem de cigarro
reunidos a filosofar
bêbados, alcoólatras, loucos, tuberculosos,
geniais,
na mesa do bar. 
Suas teorias de resolução, 
subir num ponto alto
e voar.

E quando voltar pra casa,
a chuva caindo lá fora,
o ar gelado em sua fronte,
os átomos pesando toneladas do peso das
lágrimas presas na alma
rodopiando em redemoinhos crescentes
quebrando-se com violência contra tua fronte
te fazendo deslizar
a chuva cortando teus lábios
a febre começando a brotar
um céu cinzento e suave
desejando não mais acordar.
Ecos ressoando ao longe em tuas dores de cabeça
que começam em testas molhadas
e percorrem pescoços em nódulos de inflamação
chegando aos ombros que carregam sozinhos
teu mundo caótico e sublime.
Tua faringe em chamas, pernas bambas,
corpo desfalecendo em braços e colos de ninguém
paz e força de esvaindo com a febre
o fogo e as paredes derretendo
as libélulas na banheira branca do banheiro
olhar fixo, o serpentear das águas
a loucura e a dúvida percorrendo as veias,
o medo de se deixar controlar
o cheiro de morte,
o pó,
as flores por todo o lugar.
Deixemos de falar em metáforas.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Um poema, talvez

Ando pelas ruas sentindo na ponta dos pés descalços o gosto
de morte do cheiro da chuva
no ar e na terra molhada de lágrima.
Procuro o lugar o caminho a encruzilhada
por onde você seguiu. Eu sigo
seguindo as placas que não me levam a
lugar
nenhum.

Os faróis piscam com o mesmo brilho cretino nos olhos daqueles marginais, mas
eu só entro num carro se for com você e
pra te perguntar por quê,
afinal,
você me deixou aqui
sem você caminhando sozinha à beira de uma
estrada imaginária perto de
enlouquecer.

Eu fingi que não mas tenho medo do som dos passos alheios
e da falta do teu abraço em passos que não vêm mais.
Eu chamo grito corro
e me engano porque as placas na estrada não valem muito quando
não se tem para
onde
ir.

Na noite pouco se pode ver do teu sorriso que de tão bonito em nada
se parece com os sorrisos daqueles marginais.
A cabana em que você se esconde é longe demais e embora eu não tenha pressa
também não me resta forças para sequer dar um passo a mais.
Eu entro em qualquer carro que parar, parei de procurar, o sol já vai nascer
e o meu amor por você não morre,
só eu
morri e morro
todos os dias.

O sol já vai nascer pra você,
amor e
eu
trocarei amor por paz em moedas de migalhas que, eu sei,
mereço.
E você, eu sei, fez bem, você sabe, em ir embora
de mim
a tempo.

domingo, 6 de abril de 2014

Slide

Tudo estava morto, e não simplesmente triste como outrora, mas completamente morto e estéril, sem ao menos o cheiro de esgoto daquelas ruas por onde eu caminhava sozinha, sentindo o silêncio daqueles que dormiam gritando contra mim, sentindo o mundo contra mim, só que morto. Os que dormiam, sonhavam, e eu pensava em quanta sorte ainda tinham, enquanto eu, alarmada, em um estado totalmente contrário ao estado de paz imperturbável que experimentam aqueles que dormem, buscava pelas ruas escuras a poesia que deixei escapar tão facilmente há anos atrás. Porque os meses para mim eram como anos aqui onde chamo de lugar nenhum.
Talvez ela tenha ido embora arrastada pelo vento frio que se mudava de uma esquina à outra... a poesia. Ou talvez tenha se tornado invisível como o próprio vento que não sinto em mim, mas que possuo consciência da existência no momento em que as folhas das árvores se agitam em resposta com um sussurro acolhedor. Talvez, ainda, tenha se tornado sujeira junto aos muros pichados da cidade, que aos poucos vão deixando de fazer sentido para aqueles que vêm e vão todos os dias, assim como eu faço cada vez menos sentido para mim a cada novo dia que perco nesse lugar que chamo de lugar nenhum.
Eu poderia permear por entre descrições infinitas só para não ter de chegar ao que seria realmente relevante de se descrever: meu sentimento em relação às coisas que passavam por mim e como eu as percebia, mas sob qualquer circunstância, a sensação que permanecia era a de que eu pouco falava e nada dizia. E quanto mais eu pensava, menos compreendia. A vida sempre me escapava logo ao término de um furacão e eu sempre ficava lá parada pensando em como era imenso o mundo, e em como devia ser proporcionalmente imenso o seu abandono.
Eu continuava parada enquanto o choque durava. A vida era uma onda de choques que me paralisavam sucessivamente, e se eu tivesse de descrevê-la, essa seria a melhor definição. Eu só queria ficar ali parada pelo tempo que meu corpo julgasse necessário. Pelo tempo que seria suficiente para que minha alma se tornasse mais cansada do que o que já era. Eu queria que essa alma dissolvida no meu peito se dissipasse com o vento da madrugada, e como neblina deslizasse para longe de tudo o que eu conhecia e de toda a existência que tinha de suportar... Eu queria desaparecer, como a poesia desaparecera.
E então agora eu estava no meio de mais um furacão onde todos usavam máscaras para se proteger enquanto eu andava com a minha alma nua e as gotas de chuva finas como lâminas trazidas com a dor e a velocidade dos ventos do furacão cortavam meu rosto, e enquanto eu caminhava lentamente minhas pernas tremiam de frio e de fraqueza, e eu queria que alguém pudesse me levar no colo, mas como confiar quando eu não podia enxergar os rostos além das máscaras? Eu continuava andando enquanto o ódio que surgia pela fraqueza me dizia que talvez eu devesse ser também como eles, e andar com máscaras como eles, e parar de procurar pelo que é real, pois, como pode ser você tão esperta e tão ingênua de uma só vez? Nesse mundo nada é feito de verdade, já faz algum tempo...
A súbita constatação me paralisava, e não era a primeira vez, porém sempre que me deparava com essa verdade, a verdade de que nesse mundo não há mais verdade, todo o meu corpo ardia numa febre fraca, e minha consciência se tornava injustificada. De repente não havia corrimãos para segurança do caminho, e não havia sentido nas coisas que eu julgava compreender. E eu queria ser pega no colo, mas não queria que me tocassem, pois eu não podia saber o que teriam nas mãos... Se escondiam os rostos, por que não poderiam esconder algo nas mãos? E eu tinha o pensamento de que se eu mantivesse minhas paredes erguidas e meus espinhos arqueados por toda a vida, então eu teria saído vitoriosa dessa. Mas eles irão te dizer para abaixar a guarda, irão te dizer que a vida é isso mesmo: se deixar levar pela correnteza do rio da existência, mas não acredite neles, acredite em mim! Eu estive lá e não vale tanto à pena assim, e já é um milagre e tanto quando alguém consegue escapar meio vivo. Você não precisa de amor para saber o que é sofrer se já tem conhecido o sofrimento a vida inteira.
Amar era, de certa forma, ter um ponto fraco, e talvez fosse também nada além disso. Eu não me lembrava de haver nada no mundo que eu odiasse tanto quanto a fraqueza. Você pode prever, eu e o amor nunca nos demos muito bem, pois este era simplesmente algo entre o embelezamento das necessidades cruas e básicas à sobrevivência e a doce ilusão reservada para aqueles que ainda eram jovens e desconheciam suas demandas, que consistiam, em curtas palavras, em morrer aos poucos em cada caminho perseguido, em cada corpo desfrutado. Eu já não tinha mais a paciência e a tranquilidade daqueles que se encontram dispostos a percorrer uma estrada colorida de maravilhas, inconscientes de que encontrariam ao fim do percurso não baús de tesouros, mas a cruel realidade de uma ideia outrora super estimada. Eu já não tinha lá muita adolescência para desfrutar à minha frente...
Agora eu tenho tido minhas paredes reerguidas em proteção e, embora seja duro catar os pedaços de qualquer coisa para juntar em seguida, é o necessário a se fazer quando se pretende sobreviver nesse mundo insano, onde tudo é uma arma apontada para a sua cabeça e seu coração. Dispersei-me em ilusões por alguns instantes que se explodiram em meses e então anos, o que é fácil de acontecer em um lugar sem nome onde nada acontece, mas a violência dos furacões sacodem e a verdade sempre encontra novamente aqueles que abrem mão dos disfarces e se permitem ser despertados, e é bom estar sã e lúcida para a vida de novo. [...]


 " I've been thinking about the way the world turns,
And my stomach churns.
When it finally hits me out of the sky,
I knew this day would come...
I'm on the front line. " 

Don't know how to take it in, is love just suffering?
Cause I can see where the chapter ends


I've got autumn leaves and heartbreak dreams inside, inside...

Cause you and me on this frozen sea we slide, slide....



I'll wait all on my own like a flower in the snow,
With just my shadow following me out into the cold... " 

[...]